Por que tudo parece
mais fácil quando não é com você? Escrevi esses dias sobre a
omissão de socorro a uma criança atropelada e a uma jovem que
sofria abusos dentro do metrô. Coloquei-me, essa semana, na pele
dessas pessoas que só observaram os acontecimentos e nada fizeram.
Estava no supermercado.
Fila do açougue. Uma senhora, uns 40 e poucos anos, trajes um pouco
vulgares, confesso, mas não quero falar de moda. Abaixou-se, atrás
de uma prateleira e colocou algumas mercadorias na bolsa. Furto.
Roubo. Não sei a palavra certa. Alguém viu? Acho que só eu. O que
eu fiz? Nada. Por quê? Não sei. Fiquei sem reação.
Nós temos escolhas.
Sempre. A todo o momento. Minha escolha de ficar quieta foi a
correta? Sem palavras.
Talvez ela não tivesse
dinheiro e precisasse dos alimentos. Mas não deu pra ver direito o
que ela levou pra afirmar isso.
...
Mudando de assunto.
Minha percepção de São Paulo está mudando. Metamorfoseando-se. De
lagarta, espero que vire uma borboleta. Fiquei encantada com a
atitude de um jovem segunda-feira. Estava chovendo. De repente.
Normal. Sai do metrô Consolação e estava esperando para atravessar
a Av. Paulista. Do meu lado, um jovem com fones no ouvido. Normal.
Todo mundo anda assim aqui. Aparece entre a gente uma senhora. Tinha
uma revista a cabeça como proteção da chuva. O rapaz, vendo isso, leva
o guarda-chuva até a cabeça da senhora. Protege-a. Até
atravessarmos a rua. Ela agradece. Eu fico boba. Primeira atitude
solidária nessa selva de pedra. Parabéns! Fiquei com vontade de
falar com o rapaz. Mas não, estava atrasada para a sessão do filme,
e sai correndo. Tipicamente paulistano.
...
Pra quem vê o começo,
nem imagina o que pode acontecer no final...
by Larissa V. Nascimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário